Amazônia — Sua Vida, Nossa Vida

Rise Ventures
4 min readAug 22, 2019

Nos últimos dias, o aumento do desmatamento, queimadas e suas consequências diretas povoaram o noticiário. Na segunda-feira 19, a cidade de São Paulo recebeu a fumaça vinda diretamente das queimadas das regiões Norte e Centro-Oeste, que fez “o dia virar noite” por volta das 15h, o que demonstra como tudo está interligado. A Amazônia queimando não está isolada. Os impactos das queimadas são nacionais — mais do que isso, são globais.

Além disso, a Amazônia é responsável pelo fenômeno conhecido como “rios voadores”. São como cursos de água atmosféricos, correntes de ar invisíveis, que carregam a umidade da Bacia Amazônica para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, além de outros países da América Latina. São massas de ar carregadas de vapor de água, às vezes acompanhados por nuvens, levadas pelos ventos, que fazem chover. Sem a floresta, há desequilíbrio em todo o ecossistema do planeta — e não apenas da região da floresta, que por si só já é um grande berço de espécies de fauna e flora. Já desequilibramos o funcionamento da Natureza mais do que o suficiente com as ações humanas nos últimos séculos — é hora de frear o desmatamento e a destruição e começar a reconstruir e regenerar os biomas, ou estaremos além de qualquer salvação.

De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), houve um aumento de 82% das queimadas de janeiro a agosto de 2019, em relação a 2018 — o maior aumento nos últimos cinco anos. Em números, são cerca de 71.500 queimadas desde o começo do ano. Mais da metade delas se concentra na região da Amazônia Legal. O Mato Grosso foi o estado com maior incidência de queimadas este ano: 19%, ou seja, mais de 13 mil. As queimadas acontecem principalmente por um motivo: desmatamento ilegal para construção de pastos para criação de gado, além de cultivo de produtos agrícolas, como monoculturas de soja, além da atividade de mineração. Os especialistas afirmam que essas queimadas são, em quase sua totalidade, causadas por ações humanas diretas, não por eventos climáticos.

A destruição das florestas causa extinção de plantas e animais, mudanças climáticas, desertificação, além de desalojamento de populações nativas. Existem diversas comunidades indígenas vivendo na Amazônia em áreas demarcadas, e que respeitam a manutenção do ecossistema, sendo os maiores guardiões e defensores da floresta, além de deterem saberes de como explorar todo o sistema amazônico da melhor maneira possível. E que estão sendo extintas ou forçadas a migrar por conta da exploração e das queimadas.

A floresta amazônica é extremamente importante para a diminuição do efeito estufa, por conta do sequestro de CO2 da atmosfera que realiza. As queimadas, além de devastarem a fauna e a flora, produzem gás carbônico e contribuem para o aumento do aquecimento global. Outro ponto importante a ser destacado é de que a concepção e que a floresta de pé vai contra interesses de crescimento e desenvolvimento econômico do país está absolutamente equivocada. Na verdade, a floresta Amazônica de pé tem mais valor para a economia brasileira do que devastada para a criação de pasto, monocultura de soja ou garimpo.

Estudos afirmam que florestas de pé podem trazer ganhos econômicos expressivos da exploração consciente da grande diversidade de fauna e flora; e a Amazonia é um dos maiores ecossistemas tropicais do mundo. Com essa biodiversidade temos geração de valor real para setores de cosméticos, remédios, fitoterápicos, alimentos, madeira certificada, entre diversas outras atividades. Encontrar uma maneira de tirar proveito de tudo isso, respeitando produções locais, ao mesmo tempo que a preservamos, será algo de imenso valor socioambiental e financeiro. Uma outra maneira complementar de geração de receita com floresta preservada é a venda de créditos de redução dos gases de efeito estufa. Trabalhar agricultura e pecuária de forma consciente e com uso sustentável do solo, e tornar as áreas já usadas para esse fim mais produtivas, são outras maneiras de diminuir o desmatamento e garantir retorno financeiro.

Destruir a floresta de forma irracional é um ato de estupidez econômica, social, ambiental e espiritual da nossa espécie. Não podemos viver sem nossas florestas. Sem florestas, não há chuvas constantes, não há agricultura e portanto não há comida. Não há vida. As queimadas afetam nossa saúde, afetam nossa economia, afetam nossa existência como espécie humana. Precisamos preservá-las para garantir uma chance de sobrevivência neste planeta. O Brasil precisa ser o maior defensor da floresta Amazônica, de mantê-la de pé — já que a biodiversidade dela é uma das maiores riquezas da humanidade. É necessário que o país se posicione como detentor e defensor dessa riqueza, e aprenda a explorá-la de forma não predatória, mas benéfica para todo o meio ambiente, que — afinal de contas — inclui os seres humanos.

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